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A arte em tempos de pandemia

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Quando um espetáculo entra no palco de um espaço cultural, carrega junto uma cadeia produtiva que envolve diversas áreas. Tem os artistas - músicos, dançarinos, atores, atrizes -, os técnicos, os apoios de palco, o pessoal da bilheteria, os assistentes do espaço, a secretária, o pessoal da limpeza, da assistência técnica, o vigilante, entre muitos outros. Tem também a padaria que fornece o lanche (e que mantém dezenas de empregos), o transporte do cenário, dos instrumentos, do elenco quando vindo de outra cidade, serviço que também mantém empregos. Ah, tem também a loja de instrumentos, a de material de ferragens, a de tecidos para os figurinos, a costureira, o figurinista, o cenógrafo, o serralheiro, o estofador, o marceneiro... e por aí eu posso elencar dezenas, centenas de pessoas que integram o mercado que movimenta a engrenagem cultural do país, ou do mundo, pelo ângulo que você quiser olhar.

No elenco, podem ser duas, podem ser 10 ou 120 pessoas. Também depende do espetáculo. A música que você ouve tranquilamente na sua quarentena conta com o trabalho de dezenas de pessoas para chegar aos teus ouvidos.

Tudo isso se chama Economia da Cultura. Diante do mar de incertezas que a humanidade está mergulhada neste triste período de pandemia do coronavírus, a arte tem feito companhia. Nas janelas reais e virtuais, nos livros, nos filmes, no DVD do espetáculo de circo, nas lives do teatro, da dança. São os artistas que escolheram ficar perto das pessoas e mostram todo o valor da arte nas nossas vidas. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche já dizia, "a arte existe para que a realidade não nos destrua".Nem vou falar do quanto a cultura impacta na saúde, na redução da violência e na cidadania num país onde a falta de políticas públicas neste sentido está se mostrando tão evidente. Mas observem tudo que vocês têm feito nesta quarentena e tentem tirar a arte.

Segundo dados do IBGE, o segmento cultural é responsável por 4% do PIB nacional, emprega mais de 5 milhões de pessoas diretamente (nem contei a padaria), além de ser formado por mais de 300 mil empresas de pequeno e médio porte. Essas pessoas são consumidoras; vão ao mercado, compram roupas, calçados, consomem serviços, tem conta em banco, vão ao médico, usam os laboratórios, pagam água, luz, aluguel. Compram prego, parafuso, carro, bicicleta. Um setor que tem levado pedradas pela visão míope de muita gente.

A cultura é um dos setores que já está sentindo a pandemia de todas as formas. O governo do Estado tem se pronunciado desde o início do isolamento social com esta preocupação e já está propondo alternativas. E para a minha tristeza, vi tantos comentários infelizes sobre a liberação de verbas para o setor neste momento. A gente precisa parar de olhar para o próprio umbigo, eis um dos mandamentos da Covid-19.Vai passar. A gente vai voltar. E a cultura, que já está na trincheira, ao lado de milhares de profissionais de tantas áreas, vai continuar onde sempre esteve: fazendo a diferença. Na vila, na escola, no bar, no teatro, na rua, na vida de todos nós.

Estamos de quarentena, na Quaresma. Tempo de pensar, de olhar para dentro. Tempo de religar. Tempo de reviver os ensinamentos de Jesus Cristo e entender que precisamos uns dos outros, que estamos numa enorme embarcação chamada Terra e que só vamos para a frente se todos forem.

Aproveite as lives dos nossos artistas locais e cante, pois "cantar é rezar duas vezes", dizia Santo Agostinho.

Uma Feliz, abençoada e renovada Páscoa a todos!

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